Para descobrir a "música" que o poema
tem dentro de si, leia em voz alta,
batendo palmas para marcar o ritmo.
Baseado no senso comum, responda para você mesmo: por que é importante que a criança passe por uma leitura silenciosa e depois por uma leitura em voz alta do poema?
Tente associar a sua resposta à idéia de que os elementos sonoros são os fundadores da linguagem. Pense na importância do som e do visual como aspectos relacionados à sonoridade, ao ritmo e ao significado do poema.
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: "É minha!"
-- "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...
É principalmente no nível sonoro que ocorre o que os teóricos em geral chamam de mímese interna na poesia, ou seja, o som e o ritmo da palavra e do verso imitam o objeto representado como se fosse o próprio objeto. Lembre-se do poema "O pato", de Vinícius de Moraes. O poema não descreve o caminhar do pato, ele é o próprio caminhar do pato. Essa sensação o leitor apreende através dos sons.
Desenhe na tela seguinte.
Se o ritmo for lento,
pode ser assim:
Se uma sólaba for mais forte,
pode ser assim:
Você também pode desenhar o ritmo
como está sentindo. Veja só:
Se for um ritmo rápido,
pode ser assim:
Nas atividades anteriores, a criança sentiu o ritmo do poema através da leitura silenciosa, da leitura em voz alta e da expressão em outras linguagens, isto é, a linguagem do corpo (batendo palmas) e a virtual (clicando no ícone do coração). Propomos, agora, que ela venha a recriar o ritmo através do desenho.
De uma forma geral, perceba o quanto estamos incentivando a criança a associar o ritmo do poema a sensações cinestésicas e corporais.
É a sua vez de desenhar o ritmo do poema.
No poema, cada linha recebe o nome de verso.
Agora desenhe o ritmo de cada estrofe do poema, como se sente na leitura.
Um grupo de versos forma uma estrofe.
As atividades anteriores permitem à criança ter uma percepção global do poema. É chegado o momento, pois, de oferecer-lhe um exercício em que discrimine as nuances do ritmo do poema.
Como os elementos sonoros também compõem os significados do poema, as alterações do ritmo dizem respeito a novos sentidos. A criança vai, agora, se dar conta do desenvolvimento do tema em suas variações significativas.
Repare que este poema tem 5 estrofes.
Sempre que você clicar nas notas,
vai ouvir partes do poema ou músicas dentro delas.
CLIQUE NAS NOTAS!
Observe que nesse enunciado está sendo proposta uma aproximação bastante lúdica ao computador como ferramenta de trabalho. Verifique, portanto, como a criança lida com o mouse em termos de coordenação visomotora.
Em nível de leitura do texto poético, estamos propondo que a criança descubra e brinque com as possíveis relações entre poesia e música. Lembre-se o quanto a música é importante no entendimento da poesia para crianças. Veja que tipo de associações a criança estabelece e quais imagens e canções ela evoca.
Repare nas palavras coloridas dentro do poema.
Elas têm um som que se repete.
Quando isso acontece, há uma rima.
Veja ao lado as palavras coloridas
e repita-as em voz alta para sentir a rima.
Invente novas rimas
com as palavras "peteca" e "boneca".
Observe que nesse enunciado estamos trabalhando com o conceito geral de rima. O que queremos aqui é que a criança intua o conceito de rima justamente através do exercício. Ou seja, da relação da leitura como um todo, ela pode perceber e explorar o conceito de rima, vivenciando o "fazer rimas" de uma forma lúdica.
No item "Invente novas rimas", você tem a chance de perceber o que a criança aprendeu sobre o conceito funcional de rima. Explore e converse com ela sobre suas experiências com a palavra poética no computador. Quais são suas impressões? O que a criança verbaliza espontaneamente? Não esqueça de registrar as situações que lhe chamarem a atenção.
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: "É minha!"
-- "É minha!" a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca...
Brinque de fazer frases malucas com a letra "b
"A boneca bonita brinca
bem boba no baile."
Observe que nesse enunciado estamos chamando atenção para uma figura de efeito sonoro, neste caso, a aliteração, que é a repetição da mesma consoante ao longo do poema. O uso da aliteração com a letra "b", no poema, cria um ritmo que mimetiza a briga das meninas pela boneca. Por isso, sempre tenha em mente que o estrato fonológico não se circunscreve a pequenas questões gramaticais; pelo contrário, o mesmo contribui para a construção do significado do poema tanto ou mais que os outros estratos que compõem a estrutura da obra poética.
Em termos de elaboração do exercício, observe que partimos da visualização da letra "b" para a concretização sonora do fonema que corresponde à grafia do "b". Há uma relação aqui entre o escrito e o falado. Mas não resta dúvida de que o som é o mais importante para o estrato fonológico.
Com esta atividade, propomos um momento lúdico, divertido para a criança. Ela vai poder estabelecer relações, de forma livre e espontânea, entre as linguagens poética, visual e musical.
Este é o momento de incentivar a criança a fazer uma leitura mais expressiva e a se libertar um pouco da leitura "correta", que, na sua faixa etária, ainda é silabada. Nesse tipo de brincadeira "dramática", você pode observar os principais movimentos de análise e síntese em termos de integração do pensamento e na interação da criança com o texto e o computador.
Você pode ouvir mais músicas da boneca.
É só clicar.
A criança tem, na tela, uma atividade que a exercita no pensamento sintético. Se relacionarmos com as anteriores, verificamos que estamos concretizando, para ela, os conceitos de análise e síntese. Para observar como o pensamento da criança vai da análise para a síntese e vice-versa, pense em uma criança montando um quebra-cabeça. Pense como as peças, no início, estão todas separadas, fragmentadas... A partir daí, pergunte-se: como a criança integra cada peça (a parte) no todo? A poesia infantil também pode ser pensada como um quebra-cabeça visual e sonoro? Como a criança monta esse quebra-cabeça no computador?
Escolha uma música
para cada estrofe do poema
arrastando o mouse.
Você também vai escrever um poema!
Terminei
Clique aqui
Por causa de...
QUERO
IMPRIMIR
Você pode imprimir o poema, mostrá-lo para seus amigos ou levá-lo para casa.
No enunciado que convida a criança a imprimir o poema que ela criou e, depois, mostrá-lo para os colegas, estamos valorizando o momento de socialização do pensamento. Portanto, preste bastante atenção nos padrões de interação entre as crianças, durante o momento em que elas compartilham os seus poemas.
Projeto original desenvolvido na Faculdade de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Coordenação Vera Teixeira de Aguiar
Trilha sonora Marcelo Fornasier
Vozes Celso Sisto, Marcelo Buckowski e Sabrina Homrich
Ilustrações Paula Mastroberti
Texto Olavo Bilac
Pesquisadores Cláudia Marchioro, Cristine Zancani, Frieda Liliane Morales Barco, Marília Pappaléo Fichtner, Maurício da Silveira Piccini, Renata Eichenberg, Zila Letícia Goulart Pereira Rêgo
Programação Maurício da Silveira Piccini
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http://loopreclame.com.br